quarta-feira, 13 de junho de 2012

Especialista condena congelamento de ovários

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No intuito de atrasar o relógio biológico feminino, um especialista de Londres anunciou que pretende abrir uma clínica para oferecer o serviço de congelamento dos ovários das mulheres, técnica que já está disponível nos Estados Unidos.

O objetivo deste especialista em infertilidade é "assegurar a fertilidade futura", congelando pedaços de ovários de mulheres com menos de 30 anos, em nitrogênio líquido.

Assim, quando futuramente, uma delas desejar ter um filho, retornará à clínica e, mediante o pagamento de outra taxa, o pedaço de tecido seria reenxertado ao ovário dentro do corpo, podendo retomar a capacidade de conceber em alguns meses.

O serviço daria autonomia às mulheres, permitindo-lhes melhorar sua educação, ganhar novas habilidades e se tornarem muito bem sucedidas no trabalho, com tranqüilidade, sem se preocupar com a passagem dos anos.

"Parece maravilhoso, mas a oferta deste serviço não é apenas profundamente preocupante, também é absolutamente imoral. Até hoje, no mundo todo, apenas 19 bebês já nasceram como resultado do congelamento de tecido ovariano. O procedimento só é permitido em alguns países, pois as pesquisas neste campo precisam avançar muito", afirma o diretor do Projeto ALFA - Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida, ginecologista Nelson Júnior.

Até agora, a maioria das mulheres que se submeteram ao congelamento de tecido ovariano é de pacientes com câncer, procurando preservar sua fertilidade. No entanto, os médicos britânicos planejam oferecer este procedimento para um grupo maior, incluindo as que se dedicam às suas carreiras e às que ainda não encontraram o homem/pai ideal.

O declínio natural da fertilidade é mais rápido nas mulheres do que nos homens. Com 20 anos de idade, a mulher tem cerca de 30 % de chances de conceber a cada mês. Com a idade de 33 anos, cerca de 25%. Aos 35 anos, já começa a haver uma diminuição dramática da capacidade de conceber. Por isso, aos 40 anos, a mulher tem menos de 8% de chances de concepção a cada mês. E aos 43, este percentual é inferior a 3%.

Então congelar o tecido ovariano parece ser uma solução racional. Um problema, porém, é que quase todos os óvulos estão na parte externa do ovário. A fim de retirar o tecido para ser congelado, o cirurgião, usando um telescópio, tem de retirar este revestimento exterior, ou, pelo menos, um terço dele, para ser capaz de remover uma parte do ovário contendo cerca de 6 mil óvulos.

"O procedimento também parece fácil, mas pode danificar o ovário e causar aderências, o que tornará a concepção natural ainda menos provável. Retirar uma amostra de tecido ovariano dessa forma pode também provocar uma menopausa precoce, o que seria devastador para a mulher", pondera o ginecologista.

É preciso saber também que reenxertar o tecido ovariano é um processo complexo. "Uma vez que ele é colocado de volta no corpo, após o descongelamento, anos mais tarde, não há garantia de que o enxerto funcionará. É preciso desenvolver um novo suprimento de sangue para oxigenar este tecido, mas o ovário não é provido de muitos vasos sanguíneos. Assim, as mulheres correm o risco de ficar com o tecido morto dentro delas, um foco de infecção", diz o diretor do Projeto ALFA.

Além de todos os problemas já mencionados, o processo de congelamento pode causar danos aos óvulos. "Não temos certeza se os bebês nascidos como resultado deste processo terão problemas genéticos ou não. Até o momento, depois de mais de 12 anos, desde que este procedimento foi feito pela primeira vez, em seres humanos, poucos bebês já nasceram em todo o mundo", explica Nelson Júnior.

Fonte: Vida e Equilíbrio (Por Carmem Sanches)

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